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terça-feira, 15 de abril de 2008

Será o flirt, trair?


Sim, o flirt é uma traição! Não, o flirt não é uma traição!

Ambas estão correctas, ou parecem estar. As opiniões dividem-se e eu próprio concordo com as duas, mas sei que uma é verdadeira e a outra é aquela em que quero acreditar, porque é conveniente.

Tecnicamente, um flirt ocasional, não é uma traição. É um jogo ao qual chamo de masturbação sentimental. Durante o flirt e quando somos correspondidos, isso alimenta-nos o ego e se ficarmos pelo flirt, tecnicamente não traímos ninguém.

Agora, neste assunto entra a minha maneira literal e objectiva de ver as coisas.
Ao sermos comprometidos e entrar em jogos de flirt, está de facto a haver uma traição. Comparo o flirt à possibilidade de estar com "x" na cama, mas a pensar em "y". Beijar "w", pensado em "z".

Claro que o flirt sem consequências físicas, não é motivo para alguém terminar uma relação, mas é uma forma de trair e é altura de preencher as lacunas que levam a essa necessidade de afirmação sentimental.

Uma relação séria é mais do que uma entrega física, é uma entrega total, física, sentimental e intelectual, por isso a traição não pode ser vista só pelo lado físico. Pode haver traição a outros níveis, mais ou menos graves, não me compete a mim avaliar.

Sempre que estive na cama com "a" e pensei em "b", foi uma confirmação de que não gostava realmente dessa pessoa. Já me aconteceu pensar que gostava de alguém, mas dar por mim, afectado pelo pensamento ou ao ver outra pessoa. Isto são sinais que colocam em causa a verdade dos nossos sentimentos.

Por vezes os nossos sentimentos mentem-nos, ou nós nos deixamos enganar por eles, devido ao "conforto" sentimental que essa pessoa nos dá. O pensar noutra pessoa, a vontade de flirt com outra pessoa é uma traição. Poderia dizer que é uma traição dupla, traição à pessoa de quem gostamos e traição aos nossos sentimentos. Mas não. Não estamos a trair os nossos sentimentos, mas sim a receber um aviso, para os reavaliar.

Dizem que se ama com o coração, mas isso não é verdade, pois o coração não passa de uma bomba, a nossa "casa das máquinas" que nos permite funcionar. Amamos com o cérebro e como sabem existe o consciente e o subconsciente que entram em conflito muitas vezes. O subconsciente comunica connosco, mostra-nos em sonhos os nossos medos e desejos, que muitas vezes não conseguimos assumir conscientemente e que o consciente trata de negar ou ignorar.

Amar começa como algo inconsciente, não chegamos muitas vezes a pensar nisso. Acontece e pronto. O conflito acontece quando o nosso consciente precisa de outra pessoa, mesmo que nos diga que é tudo um brincadeira, na verdade é um aviso, para pensarmos bem na nossa relação.

Dizem que o coração fala uma linguagem que não conseguimos entender, mas na verdade isso são as mensagens discretas e confusas do nosso cérebro, mensagens que muitas vezes resolvemos ignorar, fugindo um pouco à realidade e no final somos enganados por nós próprios.

Por mais que se diga, que se ama a pessoa com quem estamos, alimentar o ego num flirt com terceiro, é porque há algo que falta na nossa relação. Se falta algo, ou temos de preencher essa falha com a pessoa de quem pensamos gostar, ou sim, iremos traí-la mesmo que mentalmente. Traição não é, nem pode ser vista como física unicamente.

Qualquer pessoa, se sente traída, ao saber que estamos com alguém, que na verdade está ali, ao nosso lado fisicamente, mas com o pensamento noutra pessoa. O flirt é um jogo engraçado, mas perigoso. Um jogo que adoro jogar, mas eu, não tenho uma "mais que tudo" em quem me concentrar. Quem tem, traí. Podem pensar que é algo "pequenino" sem importância, mas se acham isso, pecam a opinião à vossa outra metade, pois essa é a única maneira de confirmarem se é ou não uma traição.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

D'arte de bem cavalgar

Faz de conta que és tronco que a maré rejeita,
deitado e imóvel no liso areal,
com uma pernada altiva que espreita
o purpúreo mistério, a boca corporal.

De joelhos se ponha a mulher eleita,
assente nas canelas, o tronco vertical,
com as pernas abertas, simetria perfeita
sobre a ponta da verga dura como metal.

Que te monte depois como um jockey de classe
sugando dentro dela o ávido arção,
num rápido crescendo, como se procurasse

vencer distanciada o derby da tesão.
E tu, dócil cavalo que os colhões tens por sela,
partilha o seu triunfo - geme e vem-te com ela



Ando a ficar um poéta do carilho