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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Medo ou certeza?

Será medo ou certeza do que se quer?

É um pouco irritante quando, só pelo motivo de alguém não ter um relacionamento sério, que digam coisas como:

- Tu tens é medo de compromisso!

Um gajo ouve uma, ouve duas, ouve três e começa a dar comichão genital.
Sinceramente, não percebo a certeza com que proferem ou escrevem esta frase.

Porque raio é assim tão difícil de aceitar, que há uma diferença enorme, entre ter medo e não querer? Eu nunca tive medo de saltar ao elástico na escola, eu nunca quis saltar. Eu não tenho medo de comer chocolates até ficar mal disposto, eu não quero comer chocolates até ficar mal disposto. Eu não tenho medo de ir morar para Massamá, eu não quero morar em Massamá. Eu não tenho medo do Cláudio Ramos, eu não quero, é sentir vontade de lhe rebentar os lábios à chapada.

Não percebo a dificuldade em perceber, que alguém possa não querer compromisso. Não quero, assumo que não quero. Mas se tivesse medo, entraria em reclusão e não sairia de casa nunca mais. Uma pessoa andando em sociedade, arrisca-se a encontrar alguém especial.

Quando me dizem ou dizem a alguém "tu tens é medo de compromisso", fazem-me lembrar os putos na escola primária, que para forcar outros a fazer algo que não querem fazer, dizem "não és homem não és nada", ao ouvir isto, os putos fazem tudo, como se o desafio fosse irrecusável.

"Tu tens é medo de compromisso", é como que um desafio, mas um desafio em que o prémio não justifica o esforço, sendo na maioria dos casos mais punição que prémio.

Se a minha ignorância e infantilidade, estivesse ao mesmo nível de quem diz e pensa isto, eu poderia responder "tu tens é medo de estar sozinha". Acreditem, que se eu dissesse isto, acertaria 3 em cada 4 casais. A malta está junta, gostam um do outro, mas na maioria das vezes é temporário. No fundo sabem que ainda não é aquilo, estão-se a enganar a eles próprios, pois não querem estar sós. Ao não estarem sós, nunca estão consigo próprios, para se conhecerem um pouco melhor, para saberem o que gostam, o que querem, o que sonham.

"Só um grande amor, pode fazer esquecer um grande amor"
Errado. Nada faz esquecer nada, excepto o Alzeimer. Pois, quem esquece um grande amor, nunca amou realmente essa pessoa. Seguindo este lema, a malta saltita de relação em relação, só entrando em ralações. Não querem estar sós, não querem ser passivos e por isso buscam um amor maior, do que aquele que perderam. Será que ainda não perceberam que quando se perde algo e procuramos, raramente encontramos? Normalmente, só acho as chaves de casa perdidas, quando não as procuro. O amor não é as chaves de casa, mas as chaves também fazem falta. O amor aparece por si, não vale a pena procurar, ele é que nos encontra. Nós só temos de estar preparados para o aceitar e para isso temos de nos conhecer a nós próprios.
Para amar realmente alguém, temos de nos amar primeiro e se temos medo estar sós, dificilmente nos amamos, pois ainda não tivemos tempo para nos conhecermos. Ou seja, procuramos, sem saber o que procuramos.

Eu sou apoiante do lema "enquanto não aparece a pessoa certa, diverte-te com a errada", mas muita gente interpreta isto, de uma forma incorrecta, criando ilusões nessa pessoa errada, que até pode gostar de nós e, sabemos que a vamos fazer sofrer um dia. Eu sigo este lema, mas sem compromissos, eu não quero conhecer o papá, nem ir jantar com os tios delas, não vou andar com anilha de pombo no dedo, não vou ser controlado, nem limitado pela pessoa errada, mas a pessoa errada para mim, tem de me ver também, como a errada para ela. É justo, é honesto.
Para haver divertimento, ambos se devem divertir e não um divertir-se à custa do outro. Isto acontece quando se dá uma foda na ex, por exemplo!

Mas quem critica a falta de compromisso dos outros, deveriam ver isso como honestidade sentimental. Eu sou honesto para com os meus sentimentos e respeito os sentimentos dos outros. Vejo as pessoas, que saltitam de namoro em namoro como criminosos sentimentais, que andam a criar ilusões em pessoas, que até podem estar apaixonadas. Fazem-no por pensarem em si, por não quererem estar sós, mas nunca esclarecem isso com o/a parceiro/a. Ou simplesmente, estão fora de uma relação, mas vão dando umas quecas na ex. Atenção que eu não critico isto, pois já o fiz e ao fazê-lo aprendi com isso. E o que aprendi, foi, que não quero compromissos, pois não quero usar ou magoar, quando sei que o vou fazer, eventualmente.

No entanto e apesar de deixar tudo claro, sou o criticado. Pronto, tenho medo de compromissos, ok, está bem. Mas sabem o que eu penso quando me olham nos olhos e me dizem isto? Eu penso "o que tu queres, sei eu", desafios infantis, muitas vezes proferidos por alguém que passa a vida a brincar aos namorados, pois estar sozinha/o é uma chatice. Foda-se! Só está sozinho quem quer ou quem sofre de depressão ou rejeição crónica. Lá por não ter um compromisso sentimental, não significa que estejam sozinhos. Não é preciso ter namorado/a para foder, nem pagar para o fazer.

Não querer compromissos, não é ter medo deles, não é fugir deles, é ser honesto consigo próprio e com os outros. Não critiquem quem não quer compromissos, só porque não se alimentam das mesmas ilusões, causadas por compromissos temporários. Se as pessoas só entrassem em compromisso, quando querem realmente, não haveria tantas desilusões amorosas, tantas amizades, tornadas namoro, tornadas ódio.

Sei que nos comentários irá aparecer eventualmente a pergunta, "E quando a pessoa certa aparecer?"

Cada coisa a seu tempo. Quando aparecer, apareceu e lidarei com isso na altura. Tudo depende da minha preparação na altura, por vezes é preciso recusar-se o que se quer, se soubermos que não estamos preparados, para sermos justos e responsáveis.
Até lá não quero e aplaudo quem não quer. Mas, como não critico quem não pensa como eu, não aceito esta treta de opinioes, pouco reflectias e mal argumentadas, que parecem saidas de um daqueles livros de auto-ajuda, que não interessam ao menino Jesus.

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